No estudo do clima de Portugal, quando eram analisados os registos das estações meteorológicas, entre elas contava-se sempre a de Campo Maior por representar um caso especial no nosso território continental. Era uma das estações meteorológicas (entretanto desactivada) que apresentava valores extremos de temperatura, com verões quentes e invernos frios. Mas, o mais característico, era o facto de registar um elevado número de dias de calma, ou seja, sem vento. Recordei-me disto por causa das condições meteorológicas que têm marcado este verão, com um grande número de dias com temperaturas superiores e 40ºC de máxima e muitas noites com o termómetro sempre acima dos 20ºC, o que corresponde às chamadas "noites tropicais". Nos dias em que não há uma brisa para atenuar o intenso calor, a situação torna-se ainda mais insuportável, ultrapassando largamente o índice de conforto humano.
A vila transforma-se numa ilha de calor, com a sua alta densidade de construção a funcionar como acumulador de calor, o qual é depois libertado para as baixas camadas da atmosfera. À noite, se não há vento, sente-se o calor a escapar-se do pavimento e das paredes. Nem sequer o jardim é local de refúgio. Desde a "remodelação", as vastas superfícies pavimentadas de calçada e a fraca arborização, tornam-no um local pouco aprazível.
Com tudo isto, neste verão tenho experimentado uma sensação muito acentuada de clausura. A casa acaba por ser o único local onde ainda se goza de alguma frescura, por uma lado, graças às técnicas de construção antigas em que a pouca resistência dos materiais (construção em terra) era compensada com uma enorme largura das paredes; por outro, com processos de climatização que ajudam a suportar estas inclemências meteorológicas.
Esperemos que Setembro nos traga um pouco de fresco. Até porque as tarefas que se avizinham exigem o fim da clausura.
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