Na cidade, quem olha para o céu?
- É preciso que passe um avião…
Quem me dera o silêncio, a solidão,
Onde pudesse, alguma vez, ser eu!
Na cidade nasci; nela nasceu
A minha dispersiva inquietação;
E o meu tumultuoso coração
Tem o pulsar caótico do seu.
Ah! Quem me dera, em vez da gasolina,
O cheiro da terra húmida, a resina,
A flores do campo, a leite, a maresia!
Em vez da fria luz que me alumia,
O luar, sobre o mar, em tremulina…
- Divina mão compondo uma poesia.
Carlos Queiroz
Foto: rua de Abrantes
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