A ILHA
A ilha era
deserta e o mar com medo
de tanta
solidão já te sonhava:
ia em
vento chamar-te para longe
e longamente
em espuma te esperava.
À cinta dos
rochedos atirava
na grande
madrugada adormecida,
já saudosos
de ti, os braços de água,
sem ter
acontecido a tua vida.
Sim, meu
amor, antes de Zarco vir
provar o
sumo e o travo à solidão
no litoral
de pedra pressentida
o mar
imaginava esta canção.
E as lúcidas
gaivotas desse tempo
talhavam
como um voo o teu amor:
o início de
lava e sal que deixa
(talvez)
neste poema algum esplendor.
Carlos de
Oliveira
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