O jardim está brilhante e florido,
Sobre as ervas, entre as folhagens,
O vento passa, sonhador e distraído,
Peregrino de mil romagens.
É Maio ácido e multicolor,
Devorado pelo próprio ardor,
Que nesta clara tarde de cristal
Avança pelos caminhos
Até os fantásticos desalinhos
Do meu bem e do meu mal.
E no seu bailado levada
Pelo jardim deliro e divago,
Ora espreitando debruçada
Os jardins do fundo do lago,
Ora perdendo o meu olhar
Na indizível verdura
Das folhas novas e tenras
Onde eu quero saciar
A minha longa sede de frescura.
Sophia de Mello Breyner Andresen
2 comentários:
Boa tarde,
Uma coisa acho certa este poema nunca teria sido escrito no nosso actual Jardim Municipal. A calçada tem mais presença que a vegetação.
Bom, sobre o jardim cá do sítio, já sabe qual a minha opinião... Por uma questão de gosto, os meus preferidos são os "estilo inglês", os mais parecidos com o meio natural. Que é precisamente o contrário do de cá. E quanto aos jardins do fundo do lago de que fala Sophia... estamos conversados. Aquele lago dos cisnes é mesmo uma desgraça.
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