Há uma fatalidade intrínseca, insofismável,
inerente a todas as coisas e nelas incrustada.
Uma fatalidade que não se pode ludibriar,
nem peitar, nem desvirtuar,
nem entreter, nem comover,
nem iludir, nem impedir,
uma fatalidade fatalmente fatal,
uma fatalidade que só poderá deixar de o ser
para ser fatalidade de outra maneira qualquer,
igualmente fatal.
Eu sei que posso escolher entre o bem e o mal.
Eu sei que posso fatalmente escolher entre o bem e o mal.
E já sei que escolho o bem entre o mal e o bem.
Já sei que escolho fatalmente o bem.
Porque escolher o bem é escolher fatalmente o bem,
como escolher o mal é escolher fatalmente o mal.
O meu livre arbítrio
conduz-me fatalmente a uma escolha fatal.
António Gedeão
2 comentários:
Poema maravilhoso!!! Ele é tenso na sua repetição e na busca de refletir o quão decisiva é a escolha!
qual é a data de publicação original deste poema?
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