Quando chega o mês de Maio recordo-me, embora vagamente porque era ainda criança, da minha mãe e das minhas irmãs me terem vestido de Maia, com uma saia muito comprida e enfeitada com uma coroa de flores na cabeça e um colar também de flores.
Esta lembrança, despertou-me o interesse de saber em que consistia esta tradição. Não tenho conhecimento de que ela se tivesse mantido para além de meados do século XX.
Esta lembrança, despertou-me o interesse de saber em que consistia esta tradição. Não tenho conhecimento de que ela se tivesse mantido para além de meados do século XX.
Numa ida a Portalegre, encontrei um pequeno livro da autoria de Luísa F. Lopes da Silva, onde descreve pormenorizadamente a tradição da Maia nesta cidade. Segundo a autora, organizavam-se grupos de crianças em cada rua que iam ao campo colher flores silvestres, sobretudo malmequeres, com as quais faziam cordões, pulseiras e uma coroa. Entre elas escolhiam a que iria ser a Maia que era vestida com uma longa saia branca e enfeitada com os cordões, pulseiras, a coroa colocada na cabeça e com um ramo de flores na mão. As outras meninas do grupo pegavam então na orla da saia e percorriam as ruas da cidade cantando as seguintes quadras:
Ó maia, ó maia,
ó maia das cachopas,
onde vai a maia,
vai por essas barrocas.
Diz a nossa maia
que ela quer ir jantar
salada de alface
para à noite refrescar.
Ó minha senhora
chegue lá à janela
para ver a maia
que parece uma donzela.
Ao mesmo tempo iam pedindo uma moeda às pessoas com as quais se iam cruzando.
Procurei então saber, conversando com a minha irmã, quais os aspectos que coincidem com a minha experiência de Maia no Crato. Salvo a vestimenta, os enfeites e as quadras, nada mais se assemelhava pois não havia grupos de crianças a percorrer a vila, nem a pedir dinheiro. A Maia estava sentada numa cadeira, como se fosse um trono, em frente da casa, com raminhos de flores que ia oferecendo às pessoas que passavam.
Curiosamente, em Olivença, a tradição misturava estas duas porque a Maia estava sentada no chão, num ponto da rua e outras raparigas, com umas bandejas, iam pedindo uma moeda.
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Luísa F. Lopes da Silva (1981). A Maia. Portalegre.
Rita Asensio Rodríguez (2007). Apuntes para una Historia Popular de Olivenza. Olivenza: Excmº Ayuntamiento.
Ó maia, ó maia,
ó maia das cachopas,
onde vai a maia,
vai por essas barrocas.
Diz a nossa maia
que ela quer ir jantar
salada de alface
para à noite refrescar.
Ó minha senhora
chegue lá à janela
para ver a maia
que parece uma donzela.
Ao mesmo tempo iam pedindo uma moeda às pessoas com as quais se iam cruzando.
Procurei então saber, conversando com a minha irmã, quais os aspectos que coincidem com a minha experiência de Maia no Crato. Salvo a vestimenta, os enfeites e as quadras, nada mais se assemelhava pois não havia grupos de crianças a percorrer a vila, nem a pedir dinheiro. A Maia estava sentada numa cadeira, como se fosse um trono, em frente da casa, com raminhos de flores que ia oferecendo às pessoas que passavam.
Curiosamente, em Olivença, a tradição misturava estas duas porque a Maia estava sentada no chão, num ponto da rua e outras raparigas, com umas bandejas, iam pedindo uma moeda.
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Luísa F. Lopes da Silva (1981). A Maia. Portalegre.
Rita Asensio Rodríguez (2007). Apuntes para una Historia Popular de Olivenza. Olivenza: Excmº Ayuntamiento.
2 comentários:
Quando era miúda, eu e as minhas amigas, fazíamos maias...colocávamos um pano branco coberto com pétalas de flores e uma boneca sentada e dizíamos a quem passava:
Dê um tostãozinho à maia!
Depois...gastávamos tudo em guloseimas vindas de Espanha que íamos comprar a casa do Rodas. O Rodas era uma figura típica de Elvas nessa altura, tinha a casa cheia de coisas que trazia de contrabando e além disso vendia gelados pelas ruas. Gelados feitos por ele em cuvetes de gelo e também bolos. Se fosse hoje a ASAE caía-lhe logo em cima...
Dina, estas tradições estão completamente esquecidas. É claro que tudo isto tinha a ver com os ritos pagãos da celebração da Primavera. Não sei se em Portalegre recuperaram as Maias. No Crato, a minha terra, não tenho notícia de que se mantenham.
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