Sou filha da charneca erma e selvagem:
Os giestais, por entre os rosmaninhos,
Abrindo os olhos d’oiro, plos caminhos,
Desta minh’alma ardente são a imagem.
E ansiosa desejo – ó vã miragem –
Que tu e eu, em beijos e carinhos,
Eu a Charneca, e tu o Sol, sozinhos,
Fossemos um pedaço da paisagem!
E à noite, à hora da ansiedade,
Ouvirei da boca do luar
O De Profundis triste da saudade…
E, à tua espera, enquanto o mundo dorme,
Ficaria, olhos quietos, a cismar…
Esfinge olhando na planície enorme…
Florbela Espanca
Os giestais, por entre os rosmaninhos,
Abrindo os olhos d’oiro, plos caminhos,
Desta minh’alma ardente são a imagem.
E ansiosa desejo – ó vã miragem –
Que tu e eu, em beijos e carinhos,
Eu a Charneca, e tu o Sol, sozinhos,
Fossemos um pedaço da paisagem!
E à noite, à hora da ansiedade,
Ouvirei da boca do luar
O De Profundis triste da saudade…
E, à tua espera, enquanto o mundo dorme,
Ficaria, olhos quietos, a cismar…
Esfinge olhando na planície enorme…
Florbela Espanca
1 comentário:
A poesia de Florbela Espanca retrata, como a fotografia, uma imensidão de sonhos durante o eterno e narcísico romance entre o "Eu", o nosso próprio mundo, e o outro, o céu, onde os astros não ofuscam mas iluminam, a nossa alma de sonhadores em contemplação.
Esta ânsia de ser "Charneca em Flor" e Sol fundidos pela sua paixão ardente, talvez fosse consumada no encontro com a lua... partindo ao encontro do Sol.
Bonitos, foto e soneto.
Beijos
Carlos Rebola
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