Tens, às vezes, o fogo soberano
Do amor: encerras na cadência, acesa
Em requebros e encantos de impureza,
Todo o feitiço do pecado humano.
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Mas, sobre essa volúpia, erra a tristeza
Dos desertos, das matas e do oceano:
Barbara poracé, banzo africano,
E soluços de trova portuguesa.
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És samba e jongo, chiba e fado, cujos
Acordes são desejos e orfandades
De selvagens, cativos e marujos:
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E em nostalgias e paixões consistes,
Lasciva dor, beijo de três saudades,
Flor amorosa de três raças tristes.
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Olavo Bilac
2 comentários:
Olá.
Então está a ter uma primavera apaixonante em pleno Outono
Se sim desejo-lhe as maiores felicidades.
O poema é bem giro, gostei em particular do verso em que refere o pecado humano como um feitiço, acaba por ser engraçado vê-lo assim, mas em parte não deixa de ser verdade, “encerras na cadência, acesa Em requebros e encantos de impureza,
Todo o feitiço do pecado humano”.
O Olavo Bilac não podia estar mais certo quando canta "E em nostalgias e paixões consistes/ Lasciva dor, beijo de três saudades/ Flor amorosa de três raças tristes". A música brasileira é o ponto de encontro de sensibilidades tão distintas quanto as emoções do povo de tão imenso país. Ora, a minha intenção não era filosofar mas partilhar duas portas onde eu bato sempre para ouvir música brasileira:
http://cotonete.clix.pt/ouvir/radios/tematica.aspx?id=6
http://radio.musica.uol.com.br/musicabrasileira.jhtm
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