Até meados do século XX e, mesmo, posteriormente, muitas terras do Alentejo foram dotadas de sistemas de abastecimento de água ao domicílio. No entanto, apesar da água ficar ao alcance da abertura de uma torneira, não se perdeu o hábito de ir buscar água à fonte por se acreditar que a água tinha melhor qualidade que a da rede pública. Ainda hoje, algumas pessoas não dispensam a ida à fonte, mas agora fazem-no de automóvel e munidos de um número apreciável de garrafões de plástico. Mas, há cerca de meio século, não era assim.
O trabalho de ir buscar água à fonte era, geralmente, destinado às mulheres. No Crato, as principais fontes eram a do Perofilho, a de Beringuel e a do Crespo, todas elas localizadas nos arredores da vila. A de Beringuel era tida como uma das melhores. Para a criançada era uma festa a ida à fonte, acompanhando as mães ou as avós.
As mulheres iam à fonte, geralmente ao fim da tarde, com os pesados cântaros de barro fabricados pelos oleiros de Flor da Rosa. Vazios, iam deitados sobre a cabeça, protegida por uma rodilha enrolada, a fazer de almofada. Nalguns casos, usava-se mesmo uma almofadinha, feita com todo o esmero, por vezes com enfeites na parte exterior, com forma circular e abertura no meio, muito semelhante aos agora tão vulgarizados donuts.
Na fonte havia sempre gente à espera de vez. O tempo era então ocupado com conversas, as quais permitiam a divulgação das últimas novidades e acontecimentos da vila. A fonte tinha também uma função social, na medida em que proporcionava a comunicação e as relações entre as pessoas, incluindo as de namoro.
Quando a vez chegava, o cântaro era posto no tanque e esperava-se que da bica corresse a água até o encher. Colocar o cântaro cheio à cabeça não era tarefa fácil, de tão pesado que era, mas havia sempre alguém para ajudar. Depois, era vencer a distância entre a fonte e a casa, suportando o peso na cabeça e fazendo jogos de equilíbrio, percorrendo, por vezes, caminhos íngremes.
Algumas pessoas optavam pelo carrinhos de mão que podiam transportar, ao mesmo tempo, dois cântaros. Ainda é possível ver, nalgumas lojas de antiguidades ou ferros-velhos, carrinhos de mão que tinham essa função.
O trabalho de ir buscar água à fonte era, geralmente, destinado às mulheres. No Crato, as principais fontes eram a do Perofilho, a de Beringuel e a do Crespo, todas elas localizadas nos arredores da vila. A de Beringuel era tida como uma das melhores. Para a criançada era uma festa a ida à fonte, acompanhando as mães ou as avós.
As mulheres iam à fonte, geralmente ao fim da tarde, com os pesados cântaros de barro fabricados pelos oleiros de Flor da Rosa. Vazios, iam deitados sobre a cabeça, protegida por uma rodilha enrolada, a fazer de almofada. Nalguns casos, usava-se mesmo uma almofadinha, feita com todo o esmero, por vezes com enfeites na parte exterior, com forma circular e abertura no meio, muito semelhante aos agora tão vulgarizados donuts.
Na fonte havia sempre gente à espera de vez. O tempo era então ocupado com conversas, as quais permitiam a divulgação das últimas novidades e acontecimentos da vila. A fonte tinha também uma função social, na medida em que proporcionava a comunicação e as relações entre as pessoas, incluindo as de namoro.
Quando a vez chegava, o cântaro era posto no tanque e esperava-se que da bica corresse a água até o encher. Colocar o cântaro cheio à cabeça não era tarefa fácil, de tão pesado que era, mas havia sempre alguém para ajudar. Depois, era vencer a distância entre a fonte e a casa, suportando o peso na cabeça e fazendo jogos de equilíbrio, percorrendo, por vezes, caminhos íngremes.
Algumas pessoas optavam pelo carrinhos de mão que podiam transportar, ao mesmo tempo, dois cântaros. Ainda é possível ver, nalgumas lojas de antiguidades ou ferros-velhos, carrinhos de mão que tinham essa função.
Fonte de Perofilho, no Crato.
3 comentários:
Júlia
Deixa-nos um belo quadro da etnografia do nosso povo.
Aqui na minha aldeia a ida à fonte, tarefa diária, também está associada a um acto social, tal como no barbeiro e taverna, a conversa era posta em dia, ali para os homens, aqui na fonte mais para as mulheres. A ida á fonte também lembra o namoro, depois dos trabalhos no campo e na casa a moça ia á fonte que por ser a horas certas os rapazes com a bicicleta acompanhavam as moças para meter conversa, fazer a corte, ou namorar.
Um beijo
Carlos Rebola
O Crato é a minha segunda Terra e é a Terra de meus filhos. Tenho muitas saudades dos vinte anos que ali vivi,tenho saudades das suas gentes e também tenho saudades das suas Fontes onde também bebi água, no entanto, julgo que se esqueceu de uma cuja água era muito apetecida pelos viajantes que ali passavam e onde enchiam bastantes garrafões, a fonte à saúda do Crato na Estrada para Alter do Chao.
No Crato deixei um pouco de mim, nesse pouco, incluo uma das maiores manifestações culturais do nosso Distrito - a Feira do Artesanato e Gastronomia - nascida há 24 anos e para a qual fui um dos seus mentores.
Campo Maior, 15 de Agosto de 2008
siripipi-alentejano
Gostei tanto do teu post! fez-me reviver os dias tão felizes em que acompanhava a minha avó paterna à fonte de Beringuel, sempre à espera que ela deixasse cair o cântaro pois não entendia como ela conseguia a proeza de o equilibrar assim na cabeça sem sequer o segurar. Felizmente tal nunca aconteceu...:-)
Foi também numa das fontes da nossa terra que dei o meu primeiro beijo "a sério". Que saudades!
Beijinho
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