As coisas belas,
As que deixam cicatrizes na memória dos homens,
Por que motivo serão belas?
E belas, para quê?
Põe-se o Sol porque o seu movimento é relativo.
Derrama cores porque os meus olhos vêem.
Mas por que será belo o pôr do Sol?
E belo, para quê?
Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas,
Mas só são coisas quando coisas percebidas,
por que direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?
Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas
Sem precisarem de ser coisas percebidas,
Para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?
António Gedeão
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