Cemitério dos Ingleses, Elvas

Ontem fui a Elvas. É a cidade portuguesa mais próxima - Badajoz fica mais perto - mas é raro lá ir. Há cerca de trinta anos conheci bem a cidade porque ali trabalhei durante um ano. Mas a memória das coisas vai-se desvanecendo e há aspectos de que já não me lembrava. Por outro lado, a cidade também mudou, embora não tanto no centro histórico.

A entrada foi feita pelo sinuoso caminho da Porta de S. Vicente. No Largo dos Combatentes da Grande Guerra, há logo motivos de interesse: a Fonte de S. Vicente, do século XVIII, toda em mármore; as casas que enquadram o largo e a torre da Igreja de S. Pedro.

Seguindo junto à muralha seiscentista, as íngremes ruas levaram-nos até aos Quartéis da Corujeira, hoje um conjunto de casas muito pobres e degradadas que mereciam ser recuperadas. Para compensar o esforço da subida, paragem obrigatória no Cemitério dos Ingleses. É um espaço de uma serenidade muito grande. Logo à entrada, erguem-se dois ciprestes e, mais à frente, uma velha olaia começa a florir. No centro, lançam a sua sombra dois frondosos Cupressus. O cemitério é também um miradouro da vasta paisagem que se estende para Norte e para Leste. Mais ou menos no centro do cemitério existe um painel de azulejos escrito em inglês e em português onde se pode ler o seguinte:

"Na Primavera de 1811 o exército de Napoleão era expluso de Portugal. Antes de entrar em Espanha, Wellington desejou garantir os pontos de passagem principais - Almeida/Cidade Rodrigo a Norte e Elvas/Badajoz a Sul.

O Marechal Beresford era então o responsável a Sul antes desta passagem ter sido fechada. Badajoz foi sitiada duas vezes e foi travada a sangrenta Batalha de Albuera. Cerca de 11000 soldados das forças aliadas - ingleses, espanhóis, alemães e portugueses - tombaram nestas batalhas. Dos dois oficiais aqui sepultados, um caiu em Badajoz e o outro em Albuera".

Na parede que limita o cemitério a Leste, encontra-se este painel de azulejos com a localização de Badajoz e de Albuera. Olhando a paisagem é possível identificar os elementos que nele foram pintados, incluindo os baluartes e panos da muralha seiscentista, bem como alguns edifícios.

O passeio continuou até ao castelo, percorrendo as estreitas ruas do núcleo mais antigo de Elvas.