A autarquia resolveu, há já algum tempo, requalificar o jardim municipal. A primeira fase incidiu sobre a parte central que era, fundamentalmente, uma rua alcatroada com uma fila de bancos de cada lado, acompanhada por uma dupla fila de árvores que davam sombra a quem neles se sentava. As árvores, acácias-do-Japão (Sophora japonica L.), da parte central foram cortadas e substituídas por árvores jovens, que julgo serem tipuanas (Tipuana tipu (Benth.) Kuntze), e o alcatrão substituído por pavimento de empedrado. No eixo central da avenida foi instalado um sistema de jogos de água, repuxos que sobem e descem ao ritmo da programação que foi feita, rompendo as malhas da rede que cobre as valas de água. As duas valas são interrompidas por uma fonte circular que lança para o ar jactos de água em três níveis.
É evidente a melhoria que esta mudança trouxe. A parte central do jardim ficou mais ampla e mais fresca.
A segunda intervenção incidiu sobre a parte oriental do jardim e, aí, a mudança consistiu essencialmente no corte de árvores e na pavimentação da superfície do sector a sul. Não se percebe muito bem porque foi todo pavimentado e, depois, foram lá colocados uns recipientes de ferro com plantas que parecem não ter qualquer vontade de se desenvolver. Teria sido mais fácil deixar alguns espaços para canteiros.
A terceira intervenção teve por objecto um dos sectores do jardim mais degradados porque tinha sido ocupado pelo estaleiro das obras anteriores. Foram abatidas muitas árvores e arbustos. O único aspecto positivo deste corte de numerosas árvores foi o terem ficado em evidência um pinheiro e um cipreste, verdadeiramente espectaculares, que antes estavam escondidos pela vegetação que os rodeava.
Outro aspecto que não sei se foi ou não considerado na mudança do jardim é a espécie de árvores que aqui foram plantadas. As tipuanas são árvores que atingem grandes dimensões de copa. Junto da esplanada que fica na parte sul, será desejável que elas cresçam bastante, porque alguns dos ciprestes e cedros que ali estavam foram cortados e dos que sobreviveram, pelo menos um está morto. Na parte central, as tipuanas foram plantadas demasiado próximas. É de prever que vamos assistir ao espectáculo lamentável das podas radicais que deformam a maior parte das árvores do espaço público. Teria sido preferível escolher uma espécie ou espécies de menor crescimento.
Quando começou o trabalho neste sector do jardim e assistimos à colocação de pedras, tememos que grande parte da superfície fosse impermeabilizada. Tal não aconteceu e ainda bem. Foram construídos sobretudo caminhos e bases para a instalação de bancos sob as duas grandes árvores. Nos espaços interiores a estes caminhos foram entretanto plantados alguns arbustos e muita relva. A intervenção deu outro aspecto ao jardim. No entanto, a moda dos jardins-campos-de-futebol como lhes chama o arquitecto Ribeiro Teles, está aqui muito presente. Não se entende muito bem esta opção. Com o clima que temos e a necessidade de poupar água, a relva nunca pode ser uma solução aceitável para um jardim público. Alguns dos canteiros ganhavam com a colocação de plantas mais adaptadas ao nosso clima, sobretudo as aromáticas. E também ganharia o espaço se tivesse mais uma ou duas árvores, de preferência de espécies que não crescessem muito.
Outro aspecto que não sei se foi ou não considerado na mudança do jardim é a espécie de árvores que aqui foram plantadas. As tipuanas são árvores que atingem grandes dimensões de copa. Junto da esplanada que fica na parte sul, será desejável que elas cresçam bastante, porque alguns dos ciprestes e cedros que ali estavam foram cortados e dos que sobreviveram, pelo menos um está morto. Na parte central, as tipuanas foram plantadas demasiado próximas. É de prever que vamos assistir ao espectáculo lamentável das podas radicais que deformam a maior parte das árvores do espaço público. Teria sido preferível escolher uma espécie ou espécies de menor crescimento.
3 comentários:
Olá Júlia,
Excelente descrição, mesmo não conhecendo o jardim quase que o imaginamos (no antes e no depois).
Apenas dois comentários:
- de facto tem toda a razão quendo refere a proximidade com que as árvores são plantadas. Voltamos à mesma "tecla" da falta de planeamento. Infelizmente, isto é (mal) resolvido à posteriori com podas inadequadas.
- a situação de praticamente se não plantarem árvores autóctones nos nossos jardins; isto apesar de termos árvores de elevadíssimo valor ornamental. Tal é o caso da azinheira. Há dois anos estive na Irlanda e vi azinheiras plantadas em vários jardins.
Nunca estive em Inglaterra, mas sei que em Londres, nos jardins de Kew, também existem bastantes azinheiras.
Só nós continuamos a desdenhar o que é nosso!...
boa noite...
parabéns pelo blogue. Partilho da sua opinão em relação ao que foi feito no jardim, e realço o facto de o jardim ficar muito "despido" de flores, e outras especies de plantas e ainda o facto de estarem a retirar os arbustos que envolvem o jardim...o que axo lamentavel! mas com é habitual em campo Maior ninguém diz nada!!!
O jardim estava a precisar de uma intervenção uma vez que estava completamente desactualizado e aquele alcatrão na zona central era muito feio. No entanto, agora acho que ficou muito despido e não gosto das zonas relvadas, que tal como já foi comentado aqui, além de pouco interessantes exigem muita água e tendo em conta o clima de Campo Maior rapidamente vão ficar amareladas e com peladas. Não percebo porque é que foram retirados praticamente todos os arbustos... E os recipientes com plantas em vez de canteiros em volta do jardim acho que são uma piada... Mas infelizmente o que se tem verificado nos últimos anos em Campo Maior é o radical corte/arranque de árvores. Parece que a brigada anti-ecológica se instalou por lá.
E infelizmente o que o cainat diz é verdade, as pessoas em Campo Maior calam-se muito (e como campomaiorense falo)ou são silenciadas. Quando surgiram as primeiras indicações de que o jardim ia ser alterado, vi alguns planos publicados no boletim municipal e vi a Câmara Municipal incitar os campomaiorenses a pronunciarem-se. Eu pronunciei-me: escrevi para lá e disse o que pensava. Se alguém leu não sei porque nunca recebi resposta. Se mais alguém o fez também não sei porque não vi nunca quaisquer comentários publicados...
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