A comunicação social parece começar a dar o devido relevo à questão dos biocombustíveis.
Depois de uma fase optimista, em que se apontavam apenas as vantagens da produção destes combustíveis para substituição dos derivados de petróleo, chegou a altura de ver quais os problemas associados a esta solução.
1. Os biocombustíveis obtidos a partir de plantas como o milho, a soja, a cana-de-açúcar e outras, só podem ser cultivadas em regime de monocultura extensiva e em grande escala para poderem ser rentáveis.
2. Esta agricultura de plantação industrializada, só poderá ser feita ou ocupando áreas já cultivadas, ou à custa da destruição de ecossistemas naturais.
3. No caso de ocupação de áreas já cultivadas, ou haverá substituição das anteriores culturas, ou as já existentes serão desviadas para a indústria dos biocombustíveis. Em qualquer dos casos, poderá ter como consequência a diminuição da oferta de produtos nos mercados com a correspondente subida de preços. A situação verificada no México, com o aumento do preço do milho, base da alimentação da população, configura a realidade desta hipótese.
4. No caso da destruição dos ecossistemas naturais, sobretudo das florestas, as consequências serão dramáticas, atendendo ao problema do aquecimento global e da perda da biodiversidade.
5. Como estas culturas terão origem principalmente em países das regiões tropicais, agrava-se a situação de dependência destes países no que respeita à disponibilidade de bens alimentares. Uma grande parte da superfície cultivada já corresponde à agricultura de plantação e a tendência é para o seu aumento, diminuindo assim a superfície destinada ao cultivo de bens de consumo para a população.
6. Trata-se de uma agricultura especulativa e agressiva para meio ambiente, dominada por grandes grupos económicos oriundos de países desenvolvidos que se aproveitam da exploração de mão-de-obra barata para obterem produtos a baixo preço. Os países produtores pouco lucram com este tipo de agricultura. Exportam a preços reduzidos e, muitas vezes, importam os produtos resultantes da transformação a preços muito elevados, agravando assim a balança de pagamentos com o exterior.
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