Gambozino
Andar aos gambozinos, significa andar à toa, vaguear, vadiar, vagabundear.
É isto que eu prendendo: vaguear por vários assuntos, vários lugares, ao correr da imaginação e da disposição.
domingo, 16 de fevereiro de 2025
terça-feira, 22 de dezembro de 2020
Deixa-me pousar a cabeça
no teu peito,
deixa-me ser pequenina.
Embala-me nos teus braços
e canta-me uma cantiga.
Aquela cantiga
que chamava meu sono.
Deixa-me sonhar
felizes sonhos de infância.
E quando acordar
segura a minha mão
e não me deixes
sozinha.
JD
sábado, 19 de dezembro de 2020
Olhos...
Olhos tristes.
Já foram crianças, felizes, descuidadas.
Uma semente enterraram,
nasceu a planta, desabrocharam as flores.
No inverno morreu.
Olhos que admiraram a beleza
e sofreram pela miséria.
Olhos que amaram, riram de alegria
e quanto choraram de dor!
Olhos tristes, olhos cansados.
São os meus.
JD
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
domingo, 25 de outubro de 2020
Em volutas caprichosas,
uma ave
fazia desenhos sobre o azul.
Queria que aquela ave
escrevesse teu nome
e fosse dizer-te
que aqui, neste lugar,
o mar rebenta em branca espuma.
JD
terça-feira, 20 de outubro de 2020
A minha tristeza
herdei-a da terra onde nasci.
Terra agreste,
sem esperança,
por todos abandonada.
Hoje,
que não me vejo
reflectida nos teus olhos,
a minha tristeza
é infinita.
JD
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
Som de relógio
no silêncio da noite,
devorando espaço
entre vidas vazias.
Som indiferente e sádico
nas vagarosas horas de dor,
nas ligeiras de felicidade.
Mas é noite.
Hora de esquecimento.
Hora de sonho.
JD
sábado, 10 de outubro de 2020
Fugaz,
como visão,
assim foi nosso amor.
Nos longos dias
da minha inexistência
em que alguma coisa nasce
e logo morre,
fiquei de olhos frios,
sem dor.
JD
terça-feira, 30 de abril de 2019
terça-feira, 2 de abril de 2019
quinta-feira, 21 de março de 2019
Póvoa de Varzim
Póvoa de Varzim |
1.
Percorro estas ruas
como quem bebe a infância
E treme a esse vento antigo
o cristal da memória
2.
Sei ainda sem nuvens
as pessoas as ruas as casas
Eu era um menino
com raízes de asas
3.
A tépida burguesia
(então ainda havia)
enchia pela tarde
salões que eu conheço
Por aí passo Ou permaneço
Mas o coração não arde
4.
Vem desde a Lapa
liso e lento
o som da ronca previdente
É um lamento do mar
ou um gemido de gente
5.
Não me falem de mar
Silêncio
Não me falem de barcos gaivotas
Silêncio só
Não murmurem essa pura
palavra
de sal e névoa
de alegria e mágoa
Póvoa Póvoa
Trago-a
comigo bornal de sol
E só de a ouvir
bate-me no peito
um coração que suspeito
nascido na água
JOSÉ CARLOS DE VASCONCELOS
terça-feira, 19 de março de 2019
domingo, 17 de março de 2019
domingo, 10 de fevereiro de 2019
Paisagem portuguesa (alentejana) e poesia
O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oestee o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro
RUY BELO
domingo, 3 de fevereiro de 2019
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019
terça-feira, 29 de janeiro de 2019
Descansando
Idanha-a-Velha, dezembro de 2018 |
sábado, 19 de janeiro de 2019
Dimensões
Monsanto |
O GUARDADOR DE REBANHOS/VII
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha aldeia no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe
de todo o céu.
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
ALBERTO CAEIRO