Gambozino é uma animal imaginário.
Andar aos gambozinos, significa andar à toa, vaguear, vadiar, vagabundear.
É isto que eu prendendo: vaguear por vários assuntos, vários lugares, ao correr da imaginação e da disposição.

sábado, 19 de julho de 2008

Jardim de Campo Maior (3)

Ontem foi um dia particularmente quente. O termómetro que tenho no terraço coberto, registou um valor máximo de 42ºC e um mínimo de 24ºC. Durante o dia não se pode sair de casa mas, à noite, há sempre o impulso de sair para apanhar um pouco de ar. O jardim e as esplanadas que ali existem são, geralmente, o local preferido para passar um pouco destas noites de Verão.
O problema é que o jardim, desde que foi "remodelado", e ao contrário do que seria de esperar, não é uma das áreas mais frescas da vila.
antes referi as mudanças de que o jardim estava a ser alvo. E as piores expectativas concretizaram-se. O que era uma área densamente coberta por árvores e arbustos, é agora amplamente ocupada por calçada e por canteiros de relva, seguindo a opção do espaço que anteriormente tinha sido modificado.
O efeito da calçada é terrível: as pedras absorvem a energia solar durante o dia, e devolvem-na às baixas camadas da atmosfera sob a forma de calor. O jardim tornou-se um espaço intransitável quando o Sol se encontra acima do horizonte, de tão elevada a temperatura do ar. As poucas sombras que existem não chegam para atenuar a sensação de desconforto. À noite, a calçada continua a irradiar calor, notando-se, inclusivamente, a diferença de temperatura que existem entre esta superfície e a que se encontra coberta de relva.
Aos pinheiros que resistiram à desarborização e ao único medronheiro, foram acrescentados cinco jacarandás. Mas são ainda muito jovens e não dão praticamente qualquer sombra. Também não se pode esperar que estas árvores, esplendorosas quando estão floridas, dêem grandes sombras, mesmo numa fase de adiantado desenvolvimento.
Alguns dos espaços relvados, delimitados geometricamente, foram contemplados com petúnias brancas e vermelhas, constituindo a única nota de cor neste remodelado jardim.


Na parte mais ocidental do jardim, em vez da relva foi colocada uma cobertura de cascas de pinheiro, de onde surgem algumas plantas, nomeadamente a lantana.
Um elemento novo foi a construção de uma pérgola que, quando as glicínias que lá foram plantadas crescerem pode, de facto, dar alguma sombra. O lago foi remodelado e retirada a grade de ferro forjado, que lhe servia de protecção. Em vez dela, uma outra, minimalista, a condizer com a armação da pérgola. É de lamentar que a grade de ferro forjado não tenha sido aproveitada porque ela estava mais de acordo com a tradição da terra, caracterizada pelas inúmeras sacadas em ferro forjado, talvez fruto da arte dos mestres ferreiros que tinham as suas oficinas na vila.

Na extremidade norte do jardim foi construída uma cascata, cuja água é canalizada para o lago. Um maciço de canas-da-Índia enquadra cada um dos lados da cascata.

Este novo espaço do "remodelado" jardim vem reforçar o que já antes afirmei: quem o concebeu não teve em consideração as condições meteorológicas que caracterizam esta região. As opções tomadas foram erradas no que respeita à cobertura arbórea, muito rarefeita, e aos relvados - muito exigentes do ponto de vista do consumo de água. E, sobretudo, à elevada área pavimentada com paralelepípedos de granito.

9 comentários:

siripipi alentejano disse...

É com o maior prazer que leio os seus artigos e posso-lhe afirmar que concordo totalmente com os conteúdos. Hoje volta a falar desse desnudado Jardim, é pois uma obra de arte de calcetiros, mas nunca uma panorâmica onde os Jardineiros se revêem. Como afirmei num trabalho que subscrevi no meu Blos sobre este tema, trata-se de uma obra iniciada em 2006 onde Municipio já gastou mais de 1.000.000 €. O que é de lamentar, contrariamente ao preceituado na Lei em matéria de obras por administração, esta foi iniciada sem projecto e sem orçamento, condição "sine que none" para que fossem implementadas. Também o Senhor Presidente, contrariando de novo a legislação, iniciou-a sem que tivesse obtido autorização da Assembleia Municipal, uma vez que o seu plafond é de 150.000 €. Finalmente adianto-lhe que nesta Terra andam as carroças à frente dos bois e sabe porquê, a lebre foi levantada a quem de direito e só agora é que aquele Projecto está sendo elaborado pelos Serviços Técnicos da Câmara, a base do trabalho já desenvolvido, teve por base um esquicio.
siripipi-alentejano

Anónimo disse...

Lá estão voces com a mania das perseguições e com essa coisa das árvores e das sombras...

O senhor presidente que por acaso técnico no assunto e até percebe da poda, garante-nos que a coisa só podia ser feita assim!

Por isso vamos parar de nos lamentar, agradecer o esforço e deixar trabalhar quem sabe.
Cumprimentos,
Carlos

Anónimo disse...

Ora, aí está uma coisa sobre a qual eu gostaria de ter mais informação!
Quais são os conhecimentos técnicos de que o senhor presidente está dotado; que tipo de habilitações possui (oficialmente certificadas) para nos poder dar garantias de que a "coisa só pode ser feita assim"?
E, o senhor comentador anónimo, para além do seu interesse pessoal para que assim se faça ou para que deixem trabalhar o senhor presidente porque ele é quem sabe,terá consciência exacta da enormidade que escreveu ao comentar este comentário? Olhe, informe-se e depois opine!
Sabe que mais? Isto nem merece que eu assine! Além disso, para anónimo, anónimo e meio.
Pobre terra que tal gente tem!

Anónimo disse...

Senhor anónimo,
não percebo nem a sua exitação nem a sua indignação para com a minha simples IRONIA...
Carlos

Anónimo disse...

Oh homem!...
Desculpe.
É que você, a brincar, escreveu como escrevem, a sério,os denodados "burriquistas".
E, eu já perdi a paciência para aturar parvoíces e atitudes de má educação.
Mas, a razão está do seu lado:Há que manter a calma e a compostura.
Mais uam vez as minhas desculpas.

Anónimo disse...

Não ha problema. Não me chateei por isso.
Aqui no blog fui irónico mas com o Presidente fui objectivo e manifestei o meu desacordo pelos cortes radicais que vêm sendo feitos desde há anos.
O argumento do "Técnico que sabe da poda" até foi dele, eu apenas o empreguei no post :-)
Carlos

Anónimo disse...

Concordo plenamente com os comentários anteriores. Na minha opinião o nosso jardim foi totalmente destruido, visto que as flores são poucas, as arvores quase nenhumas...lá deixaram o pinheiro para "descargo" de consciência. Deixa lá ver o que fazemà estátua da Santa Beatriz da Silva e ao coreto...sempre pode haver uma mente iluminada que resolva fazer ali uma modificaçãozita para ter o cunho das maravilhosas obras queo Sr. Burrica tem feito na terra. Sim, porque destas explendidas obras temos (infelizmente) vários exemplos como a maravilhosa fonte no Terreiro e no largo do Barata.
Mas em Campo Maior é tudo gente pacifica =(

Anónimo disse...

Boa tarde a todos e em especial à D. Julia por dar a cara e fazer estes comentários sem medo de esprimir a sua opinião, já não é o meu caso nem dos amigos anónimos que comentaram.
Mas vamos lá a saber, se o Burrica não põe pedra porque deita calor depois do sol abalar, se não põe relva porque gasta muita àgua (o que eu concordo), então como vamos ficar com o jardim? Com alcatrão e com esconderijos como estava antes? Eu acho que nós devia-mos por a discussão noutros termos: em vez de pedra desta qualidade poder-se-ia por de outra forma; em ves de cortar as arvores velhas, esperar que as outras crescesem? em ves de relva podia ter posto daquela borracha dos parques infantis, que agora está na moda? sim porque as crianças querem brincar... acho que tambem deveriamos construir.
Eu não estou por ele, mas assim é que deveriamos dizer ao povo, o que esta mal, era dizer como ficava melhor. obrigado, eu estou por aqui, não todos os dias, mas gosto de dicas para aprender e por vezes até mudar de opinião, se for caso disso, posso eu tambem estar a ver as coisas mal.um abraço a todos. jmar

Júlia Galego disse...

Resolvi responder aos comentários, sobretudo de jmar, para esclarecer que nunca defendi que o jardim ficasse tal como estava antes da intervenção que está a ser feita. Até, porque, por falta de manutenção, chegou a um estado verdadeiramente lastimável.
No que se refere ao resultado do que já foi feito, acho que está muito bonito como cenário mas não tem as mínimas condições para ser usado pelas pessoas, sobretudo no tempo de calor. A calçada até podia ter sido feita como está se tivesse árvores de sombra que refrescassem o ambente. Assim, é um autêntico acumulador térmico.
Relativamente às árvores, tem de haver um estudo prévio sobre as mais adequadas em cada espaço do jardim. Há sítios onde convém que haja sombras no verão, mas não no inverno. Então a opção terá de ser sempre por árvores de folha caduca, de preferência com copas amplas. Algumas que existem na Avenida (por exemplo, no passeio desde os Correios até à esquina com a R. 25 de Abril), as tipuanas, são árvores que só perdem as folhas por um período muito curto e já na Primavera. São árvores que crescem muito e, por isso, é uma das espécies só a utilizar em sítios onde não faz diferença que dêem sombra praticamente todo o ano. Só quero ainda fazer um reparo relativamente às árvores que foram escolhidas para ladear a via longitudinal do jardim. Não sei qual a espécie a que pertencem, não consegui identificá-las. Mas pelas observações que fiz, estão com muita dificuldade em sobreviver. Algumas estão em muito mau estado. Vi árvores em Elvas que me pareceram da mesma espécie e registei que, embora mais velhas, crescem muito pouco e muitas delas estão mortas ou em vias disso (veja-se o caso das que estão na Rua da Cadeia, no pequeno largo onde se situa a CGD). Logo, a confirmar-se o mesmo destino para as de cá, não vai ser tão depressa que vamos ter sombras nos bancos. Agora parece que a preferência de quem decide sobre o jardim vai para os jacarandás. Então, a ideia com que se fica é que as árvores escolhidas obedecem mais a uma questão de gosto pessoal ou de moda do que às necessidades daquele espaço.
No que se refere à relva, há alternativas muito mais interessantes e menos consumidoras de água. Mesmo no jardim há alguns canteiros que têm outras plantas, nomeadamente, as lantana, que não precisam de muita rega. O excesso de relva podia ser, por exemplo, substituído por aromáticas. Vi há dias uma foto do Festival de Jardins de Ponte de Lima, com um canteiro onde se conjugava o alecrim e a alfazema. O contraste da cor desta duas plantas fazia um efeito muito bonito. Mas existem outras soluções muito interessantes e menos consumidoras de água. Mas, para isso existem os arquitectos paisagistas e os técnicos de jardinagem. Será que quem concebeu o jardim tinha as competências técnicas necessárias para o efeito?

Nota: Jmar, quando iniciei os meus blogues decidi assumir a minha identidade, embora nada tenha contra quem se esconda atrás de um pseudónimo ou que comente anonimamente. Certamente que deve haver razões que justificam as opções que cada um toma e devem ser respeitadas. No que me diz respeito, nada tenho a esconder. Tenho o direito de expressar livremente as minhas opiniões e em momento algum ataquei quem quer que seja.
Continuarei a fazê-lo mesmo que algumas pessoas tenham uma concepção muito estranha do que é viver num regime democrático.