RÉDEA SOLTA
Descalça pela praia, à beira mar
No silêncio da aurora ou do poente
tantas vezes passeio, sem pensar
Que deixo voar livre o pensamento
Vou imprimindo as marcas dos meus passos
Entre as marcas que deixaram as marés;
E onde ficam restos de sargaços
A água fria vem tocar-me os pés
Meus cabelos são batidos pelo vento
A minha boca enche-se de sal
Rédea solta deixo ao pensamento
P'ra lugares onde o tempo é imortal
Onde tudo principia e nada morre
E as coisas belas sempre permanecem
O tempo ali não conta, ali não corre
E os mundos infinitos adormecem
Aberta, toda, à imensidão do espaço
Onde as coisas vivas têm berço
Quereria sentir num só abraço
O pulsar inteiro do Universo
MARIA DO ROSÁRIO PAIVA RAPOSO
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