Gambozino é uma animal imaginário.
Andar aos gambozinos, significa andar à toa, vaguear, vadiar, vagabundear.
É isto que eu prendendo: vaguear por vários assuntos, vários lugares, ao correr da imaginação e da disposição.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Mês de Orlando Ribeiro


A aldeia trasmontana

Este tipo de aldeia "anda ligado aos campos abertos do Norte interior e às instituições comunitárias responsáveis pela sua organização. A aldeia é aglomerada num núcleo apenas ou em vários bairros próximos mas individualizados, providos cada um de seu nome, cujas casas umas vezes se tocam outras estão separadas por campos, lameiros, arvoredos ou logradouros e terrenos vagos. Mas a povoação não é totalmente cerrada: cada casa tem anexo um pátio na frente ou um quintal nas traseiras, ou abre dum lado para a rua, do outro para o campo. Como em todo o Norte, usa-se a casa de andar, para habitação, sendo o rés-do-chão reservado a curral, palheiro e o pátio a guarda do carro e utensílios agrícolas. As casas principais dispõem-se em roda de um amplo pátio interior. O fumo da lareira baixa escoa-se pelo telhado, enegrecendo o interior da  casa. Nas áreas de xisto emprega-se a cobertura de ardósia, na montanha o colmo, excelente protecção contra o frio.
As aldeias são não raro alongadas em vários sentidos, o seu crescimento faz-se tanto pelo núcleo principal, como pelos bairros que se formam em torno dele. No centro, a igreja com um largo ou adro espaçoso, ensombrado por negrilhos, que também se encontram em roda e até no interior da povoação, e cujas folhas são usadas como forragem para o gado. Num extremo ventoso a eira comum, onde os vizinhos se prestam mutuamente ajuda por ajuda, noutro lugar o forno, onde todos cozem à vez, em regra em sítio que abra para o campo, a corte do boi do povo, touro reprodutor pago e mantido por todos."

Orlando Ribeiro (1991). "Aldeia: Significação e Tipos". Opúsculos Geográficos. IV Volume: O Mundo Rural. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. pp.359-360.

2 comentários:

Rafael Carvalho disse...

Júlia,
o texto já o conhecia, mas é sempre bom recordar!
Orlando Ribeiro, gente sensível com saber e olho de lince, como já não se encontra.
Cumprimentos.

Júlia Galego disse...

Rafael,
E a sua foto calhou mesmo a propósito para ilustrar o texto.
Cumprimentos