Gambozino é uma animal imaginário.
Andar aos gambozinos, significa andar à toa, vaguear, vadiar, vagabundear.
É isto que eu prendendo: vaguear por vários assuntos, vários lugares, ao correr da imaginação e da disposição.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Mês de Orlando Ribeiro

Foto retirada do blogue Arquitectura D'Ouro. Casa de Granja do Tejo, Tabuaço.

"A "arte" do granito.

Um dos traços mais impressionantes da civilização do Norte de Portugal é certamente a mestria na construção de granito. Nas casas, nos muros, nos suportes, nos monumentos, a pedra constitui sempre o principal material de construção. Terrenos do maciço antigo dispõem de granito, de xisto e de quartzite. A última rocha é muito dura, pesada e difícil de trabalhar; o seu uso é limitado a raras povoações muito rústicas assentes nas suas próprias surgências, usando-se em muitas delas a par com o xisto. Este extrai-se das pedreiras em lascas que não carecem de nenhum preparo para se sobreporem, ou em placas de ardósia, usadas como cobertura em certas áreas de montanha e, nalgumas cidades (Porto, Lamego, Viseu, etc.), como revestimento de paredes de tabique. Mas é raro que o xisto dê grandes blocos resistentes: nas casas humildes recorre-se à madeira para os lintéis das portas, nas melhores às ombreiras de granito. Alguns castelos de xisto, grosseiramente aparelhados, têm também cunhais de granito, lavrados com outro esmero. O papel essencial que desempenham na construção pode avaliar-se pela pena aplicada a certos deles na Idade Média: retirar-lhes os cunhais; na falta deste apoio, o resto da muralha não tardava a ruir. Os reis castigavam assim os atrevimentos feudais de certos senhores, tão ciosos da sua autonomia como aqueles da centralização monárquica. Onde os dois materiais existem lado a lado, a preferência pelo granito é manifesta. Em terras xistentas pode dizer-se que qualquer construção importante - igreja, castelo ou solar - raro é que não empregue esta rocha. É portanto no granito que se devem procurar as expressões mais perfeitas, ou mais ousadas, de uma arquitectura popular de pedra."

Orlando Ribeiro, "A Civilização do Granito no  Norte de Portugal". Geografia e Civilização. Temas Portugueses. Livros Horizonte. pp. 13-14

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